sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Crônicas de Arranha Céus - Memórias regressas - I Parte

   Ao entrar no quarto me deparo com o fúnebre e destroçado radio relógio, que pela manhã tinha encerrado seu expediente por um período que digamos...“permanente”, porém nunca consegui acorda na hora, alias nunca consegui é acordar cedo, na hora sempre eu acordo, porém é na minha hora, e não a hora de ir trabalhar, as malditas 7:30Hs, isso porque eu moro perto do escritório, tenho pena daqueles que fazem uma verdadeira cruzada para chegar ao seu trabalho, se aventurando a contra gosto em ônibus lotados, antagônicos a palavra conforto, e ficam ali horas, pobres mortais.

   Então, me vi obrigado a sair e comprar outro rádio relógio, sobre pena de perder a hora e ganhar um chefe fulo da vida me atazanando o dia inteiro, o que tenham certeza, tortura é cócegas perto do que aquele homem faz para nos infernizar. Vou ao guarda roupa, pego uma camisa e uma jeans, me visto e vou à sala, lá pego meu tênis e o calço. Guilhermina tinha já saído do seu quarto e estava em frente da geladeira aberta, estava tão entretida que nem deu sinal de minha presença.
Por fim pega algo que não vi direito e a fecha, foi ai que ela me nota.

   - Vai sair? – Pergunta ela.

   - Sim.

   - Pra onde?

   - Compra um radio relógio, por quê?

   - Ah, já que a gente vai sair, porque nós não aproveitamos e vamos  a um barzinho pra colocar a conversa em dia.

   - A “gente”?

   - Sim, eu vou com você e depois que você comprar o seu rádio relógio, nós vamos num barzinho pra continuar a nossa conversa.

   - Adoro a sua maneira democrática e consultiva.

   - Então tá, me dê 5 minutinhos só pra colocar uma roupinha tá?

   - 5 minutos hein!

   - Tá seu chato, o cara mais apressado viu, nunca vi...- resmunga ela ganhando corredor e virando a esquerda.

   Depois de um tempo, ela se aproxima com um vestido florido e sandálias, um óculos e adornos áureos nos pulsos e pescoço.

   - Podemos senhorita?

   - Tá, vamos.

   Abro a porta e seguimos para o elevador, avançamos sobre o hall e chegamos a rua, a partir da li nos dirigimos ao comércio que ficava perto dali. Gosto de andar no centro, o ar de uma década com riqueza de adjetivos que por mais que eu insista em falar os, ainda sim me faltaras para expressar as sensações indefinidas que esta polis me provoca. Foi ai que nos olhares em vitrine entre a arquitetura exuberante dos antigos e elegantes casarões, sobrados e prédios, sinto um pegar mais forte no antebraço, e o aproximar do corpo contra o meu, de forma que aquele corpo não mais estivesse atrelado a mim, agora ele se juntava de forma diferente, com sentido que até ali me parecia confuso por sua imprecisão, a olhei de modo a evidenciar a minha surpresa mediante ao seu aconchegar mais próximo a mim, porém não percebeu meu olhar, pois batia no meu ombro, que sobre ele apoiava sua rubra cabeça. Dou uma risada baixa, e continuo a caminhar pelas ruas junto dela.

   - Que tal aquele alí? – Pergunta ela apontando a vitrine que estava a nossa direita.

   - É, nada mau, pode ser.

   Entramos na loja, uma senhora por volta dos 60, muito educada nos atende, enquanto tratava da compra com a senhorinha, Guilhermina fuçava a loja, bisbilhotando as prateleiras.

   - Este aqui? – Me pergunta a senhora com a mão estendida para o rádio relógio.

   - Sim, é este. Respondo sem mais delongas

   Ela o pega e segue ao balcão, eu a sigo.

   - R$45,65 senhor, cartão ou em dinheiro.
   
   - Dinheiro, por favor.

   - Para presente?

   - Não, é para mim.

   Pago a senhora, vou até a Guilhermina, que se entretém com os souvenires da loja.

   - Olha esse Heitor, é muito fofo.

   - Tá, mas eu ja comprei o rádio, vais querer ir pro barzinho pra continuar a conversa ou não?

   - Tá, vamos.

   Saímos da loja, a senhora nos acena, e Guilhermina a corresponde carinhosamente lhe retribuino o gesto. Caminhamos um pouco mais e nos deparamos com um velho barzinho conhecido nosso, era ali que nos tempos de faculdade bebíamos e conversávamos, principalmente nas sextas-feiras.

   - Ai que saudades este bar me traz. - Suspirava ela observando o bar enquanto se sentava a mesa dos fundos, nosso tradicional ponto.


 - Dionisio de Aquino -

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