sexta-feira, 18 de junho de 2010

Monologos de Carbono


Sou mais um nesta selva concretatada
Nem protagonista, nem figurante
Sou um observador desse espetaculo
Que se faz sobre o asfalto e cimento.
Nos escritórios e nos galpões
Nas praças e nos bares.

Vejo os protagonistas.
Policias, trabalhadores,
Boêmios, putas, empresários,
garis, mendingos, bichas
Uma série de personagens
Cada qual com seu papel
Nesta peça da Vida Urbana

Me delicio entre as coxas da Augusta
Reflito com a Maria Antonia
Bebo com o João numa boemia
No bar de esquina da ipiranga

E assim vou entrando na trama
Desta peça cheia de atos
Uma epopéia modernista
Mas com cenas de barbaries, nefasto
No sangue que escorre dos corpos dos filhos do morro
Na fumaça dos cachimbos do centro
Em bocas tão virgens de tempo.

Mas com suas cenas de riso, alegria
Por conta do bêbado a cambaliar
E falar com ninguem ou alguem
Nas rodas de samba,
Nas conversas de butiquin,
Na repartição, na construção
Nos lares.

E assin vão se os atos,
As cenas e o espetaculo,
E eu na plateia a aplaudir,
Chorar, rir.
De vez enquando sou ator,
Mas o melhor é ser platéia.
Prefiro assim, sou observador.
   
                                       
    - Polisto Villa Grande -

domingo, 6 de junho de 2010

Patriotismo de Copa, patriotismo hipocrita




Vejo as ruas de minha pátria se colorir com as cores da flâmula brasiliana, vejo o verde amarelo em fitas cortando de lado a lado as ruas, ruas essas que antes era soberano o negro asfalto que agora divide seu espaço com cores em formas e símbolos nacionais e futebolísticos, vejo a dedicação e a adoração as cores que representam a pátria. Ouço canções de invocação de sentimentos nobres e de exaltação dos valores do país, e mais ainda, vejo e escuto os seguintes dizeres:

 “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”

     Além dos gritos de incentivo e motivação, porém, me pergunto, que nacionalismo é esse que explode de quatro em quatro anos? Que patriotismo é esse que só se foca na seleção brasileira de vez no país? Que amor e entusiasmo são esse que faz nos enfeitarmos todos e parar tudo para ver os jogos da seleção de vez participar da vida do país a fim de avançar e sanar nossos problemas sociais?



     Que nacionalismo é esse que só faz com que seus iguais saibam somente cantar a 1° parte do Hino Nacional Brasileiro? Que diabos de nacionalistas são esses que preferem craques do que profissionais e pessoas de bens nas mais diversas áreas da sociedade em prol da promoção do avanço nacional? Que nacionalismo é esse que entorpece a todos fazendo nos esquecer das mazelas e flagelos que passa o nosso povo, dos vícios e dos gananciosos egocêntricos facínoras, autores da desgraça nacional?

    Digo-vos que Nacionalismo é esse que alucina a sociedade quase por inteira, é o nacionalismo consumista, hipócrita e fútil de uma república cheia de cidadãos futeboleiros de vez brasileiros de fato.  Renuncio a isto, renego tal infame forma de patriotismo, e me recuso a enveredar por estes caminhos tão pecaminosos e mesquinhos com seus vícios supremos invictos.

     Ser nacionalista, ser verdadeiramente brasileiro , é amar seu país desde o nascimento até a morte, é construir junto aos seus iguais uma nação melhor, defende - la daqueles que a queiram usurpar, promover o bem estar de todos, promover as virtudes, combater os vícios, renegar ao egoísmo, ou o interesse por parte, é defender e louvar a constituição, seu povo, sua cultura. É por fim ser brasileiro de fato.

                                                               -João Piatã Ibiajara-