sexta-feira, 18 de junho de 2010

Monologos de Carbono


Sou mais um nesta selva concretatada
Nem protagonista, nem figurante
Sou um observador desse espetaculo
Que se faz sobre o asfalto e cimento.
Nos escritórios e nos galpões
Nas praças e nos bares.

Vejo os protagonistas.
Policias, trabalhadores,
Boêmios, putas, empresários,
garis, mendingos, bichas
Uma série de personagens
Cada qual com seu papel
Nesta peça da Vida Urbana

Me delicio entre as coxas da Augusta
Reflito com a Maria Antonia
Bebo com o João numa boemia
No bar de esquina da ipiranga

E assim vou entrando na trama
Desta peça cheia de atos
Uma epopéia modernista
Mas com cenas de barbaries, nefasto
No sangue que escorre dos corpos dos filhos do morro
Na fumaça dos cachimbos do centro
Em bocas tão virgens de tempo.

Mas com suas cenas de riso, alegria
Por conta do bêbado a cambaliar
E falar com ninguem ou alguem
Nas rodas de samba,
Nas conversas de butiquin,
Na repartição, na construção
Nos lares.

E assin vão se os atos,
As cenas e o espetaculo,
E eu na plateia a aplaudir,
Chorar, rir.
De vez enquando sou ator,
Mas o melhor é ser platéia.
Prefiro assim, sou observador.
   
                                       
    - Polisto Villa Grande -

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