quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cidade dos Renegados


Caminho pelas ruas
Em vaguear ao nada
De encontro ao destino incerto
Ao norte da ausência

Me perco nas paralelas
Me faço perder nas esquinas
Afim de não me encontrar
Afim de fugir do que temo

Fico transtornado pelos seres que encontro
Nos rumos que sigo a enveredar
Mulheres provedoras de volúpias carnais
Senhoras livradoras dos tormentos momentâneos

Esbarro-me com ébrios desgraçados
Que no embriagar de vossos corpos
Anestesiam as dores de seus males
De forma que se entorpecem para os demônios serenar

Mesmo sem garantia de vitoria, ou êxito
Estes pobres seres inebriados percorrem assim
Por ruas e vielas, alamedas e passarelas
Caminhando do nada ao encontro de lugar nenhum

Quando perco das vistas estes senhores
Me deparo com outros  portadores de mazelas
E estes me deixam mais abismado
Com o espanto da ação de seus atos

Pobres anjos caídos, seres ceifados de libertação
Que não podendo mais gozar do vôo de suas asas
Caem em desgraça de cachimbos profanos
A consumir seus torrões alvos de podre delicia

E o resultado de tal mortiço fato
É o esvaecer do espírito
A assunção do fantoche das moléstias
E o caminhar de um mal sepultado

E percebo que esta macabra peça
Que fez da noite seu palco
E destes seres, atores desgraçados
Possuem mais outros bestiais atos
Deste manicômio espetáculo sem fim


 - Polisto Villa Grande -              

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A imaturidade cívica e política do brasileiro: Um mal que nos custa caro


Um fato horrível que constato ao analisar as ações e pensamentos da população, os relatos nos mais diversos meios de mídia, seja na TV, no rádio, imprenso ou virtual, além das constatações de renomados institutos através de pesquisas de rua.
Mas vamos por parte, nessa analise patológica, mal tão danoso a nós, nas mais diferentes áreas e setores existentes de nossa vida, seja ela no coletivo, ou individual.
Vivemos em uma democracia, sistema esse que o grande estadista inglês Winston Churchill resumiu nesta celebre frase;

“A democracia é o pior sistema de governo, com exceção de todos os outros”

E de fato a democracia não é perfeita, possui suas falhas, como o nepotismo, rouba da verba pública, quadrilhas, em geral, mau uso da maquina pública e seu uso para favorecimento de poucos, mas ainda não nos faz trocá-la por uma ditadura, pois suas falhas são passiveis de correção, de forma rápida e segura, e sem derramamento de sangue, e tendo a batalha só no campo das idéias, da lei, da justiça.
E qual é a santa cura? Simples, cidadania ativíssima, como? Se começarmos a exercer a nossa cidadania, através de nossa ação, o povo tem que aprender que não basta eleger, tem que participar, fiscalizar, refletir, defender o que acredita, e sobre tudo não somente sobre o seu interesse, mas de todos os vossos concidadãos, compatriotas.
A beleza da Democracia não é só a liberdade do ser, mas a o amor ao próximo, o estender a mão, fazer de todos nós iguais, na dignidade do ser, na felicidade estampada nos rostos e brotando das almas, é fazer que todos tenham direito a serem felizes.
O significado da palavra Democracia vem do grego, que significa poder do povo, governo de todos, ou seja, é exercido pelos seus cidadãos, e não por parte dos mesmos. É governar com todos, por todos, para todos. Enquanto não acordamos para isso, não nos educamos destes valores e virtudes, não perdemos a mania de sermos comodistas e egocêntricos, as desgraças e mazelas do Brasil haverão de prosperar generosamente, e nós, que tantos enchemos a boca pra reclamar, teremos de nos calar, pois somos cúmplices destes crimes que nos flagelam a cada dia rumo ao tempo infinito.
Aprendamos a viver em uma Democracia, pois do contrário, viveremos no mito da democracia, usado para justificar os atos do Estado nefasto que mata, direta ou indiretamente seu povo, por interesses particulares ou de parte do mesmo.
E não me venha com a desculpa esfarrapada e clichê de que uma andorinha só não faz verão, de que sozinho não se faz nada. Pior do que perder lutando, é perder sem nem ao menos ter tentado. Se não queres lutar por você, lute por seus iguais, pelos filhos que terá, pelos que ama, por sua terra, por sua identidade, mas lute.
Os vietnamitas perderam todas as batalhas da Guerra do Vietnam, porem, ganharam a guerra, pois não desistiram, quando um batalhão caia, no nascer do novo dia, surgia um novo batalhão. As armas avançadas e superiores dos yankes, por mais poderosos e mortais que fossem, eram inúteis diante da força, da raça, da coragem e amor do povo vietnamita.
Mesmo diante do poderio dos gigantes usurpadores desta terra, dos seus capangas fardados ou engravatados, do seu poder de sedução, da força que possam ter, não poderão acabar com o povo, sua força e garra. Esta luta é como o construir de uma casa, mesmo que sejamos o único pedreiro desta obra chamada Brasil, por mais árduo seja colocar um tijolo de sol a sol e sobre os acoites dos poderosos que danificam a construção, haverá de um dia a obra estar pronta, acolher vossos iguais, e se tornar lar da igualdade, da liberdade e da fraternidade.
Os pedreiros desta obra podem morrer, porém sua obra irar rir se imune ao tempo, idéias não morrem, valores não se destroem, virtudes não se corrompem. Então cada um de nos cumpre mos com os deveres para com nosso país, coloquemos tijolo a tijolo, de sol a sol, mesmo que não contemplemos a obra pronta, e dela o fruto não provemos, teremos a recompensa da satisfação do dever cumprido, da consciência tranqüila, e da santificação da história, mas sobre tudo, do principio de Amar, amar é se doar e ficar feliz pela felicidade do outro.
Brasileiros, caminhamos na penumbra fria e escura da noite dos desgraçados, açoitados pelos que vivem nas trevas e que nela se perderam. Somos aqueles que nela caminham com a vela da esperança, que mesmo que o vento sopre forte e bravamente, não a apaga, insiste a chama em se manter viva, e enquanto caminhamos nesta nefasta escuridão, esperamos ansiosos pela aurora de dias melhores, no qual o sol reinará, matando as trevas, o bem vencendo o mal, porém, a nós não foi avisado que o sol não nascera no horizonte como pensamos, os poderosos nos furtaram a cura da doença que eles são, nossas velas são os raios de sol de dias melhores, mas dispersos, então se unidos tivemos, nossas velas acesas de esperança se tornaram um colossal sol, o mesmo sol que esperamos, a aurora de dias melhores.
Nós somos a transformação, somos a cura de nossos males, somos aqueles que nos flagelam, até quanto deixaremos as coisas seguirem por tais caminhos vergonhosos e macabros, dos quais não queremos percorrer?

-João Piatã Ibiajara-