quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Carta Aberta a Sra. Presidenta Dilma Rousseff

     Cara Sra. Presidenta Dilma Rousseff

     
     Vos envio este texto, que espero que chegue ao seu conhecimento, em vez de se perder entre a assessoria de vossa senhoria, esta reflexão que vos faço. Sei do temor que ha sobre a inflação, pois temos uma memória sofrida deste mal econômico quando descontrolado, porém não deve o trabalhador, aquele que produz a riqueza desta república, ser o sacrifício para acalmar a inflação.

     Se o maior poder aquisitivo do operário faz com que a procura aumente ao contra ponto da insuficiente demanda, então não é o operário o culpado, e sim o setor produtivo, por sua inercia e lentidão ao acompanhar o crescimento nacional, tanto o setor de produção quanto o Estado que não oferece infraestrutura e outros meios para o aumento e escoamento da produção. Sendo assim minha cara presidenta, lhe peço que o que for de competência do Estado, faça ser implementado, seja obras, medidas ou politicas públicas.

     E ao que for de competência do setor produtivo, cobre, faça valer as agências reguladoras e outras ferramentas do Estado para defesa dos interesses e bem estar do povo brasileiro. Que o governo da senhora seja o que continue e aumente a ascensão do povo brasileiro a patamares que a carta magna coloca como dignos a vida humana e a felicidade plena do individuo e do coletivo.

     A senhora foi confiado o comando desta nação, e diante deste posto jurou defender os princípios constitucionais que pregam o bem estar social do povo brasileiro, então faça valer a jura, cobre do privado, cumpra as competências cabidas ao Executivo, cobre do legislativo através da bancada governista.

     Mesmo que não seja vitoriosa em guerra, tenho certeza que em batalhas terá vencido muitas, além do avanço, pois a pessoa que assume presidência desta nação, não é dado o luxo da inércia, da morosidade, do erro e da desvirtuação dos valores e deveres constitucionais.


Atenciosamente.

Evandro Garcia Shiroma, cidadão brasileiro

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Guerra de Ybymarã-e'yma – O soar do prenúncio


“- Monã1*, com a solidão que o rodeava, estende vossa mão ao nada e cria o espaço, nele cria os seus ceus, a terra, e tudo aquilo que nela existe.”

     Estas eras as palavras do Pajé Kwagaé contando aos curumins da tribo sobre a criação do mundo, e todos eles prestavam atenção a cada palavra e gesto do pajé.  E foi assim até que Potuã lhe interrompera ao falar ao ouvido, e ao relatar do jovem guerreiro, a face do pajé que antes era calma, se faz surpresa e assustada, e enquanto o guerreiro se afastava do ancião, o mesmo falava aos curumins:

- Por hoje é só, agora vão para vossas ocas.

     Mediante a ordem do mistico ancião, os pequenos vão cada qual a sua oca, quanto isso, Kwagaé com um aceno pede que Potuã o acompanhe para sua oca. Senta-se na rede, pega o cachimbo e com a brasa da fogueira que ja se apagava, acende e começa a cachimbar, quando olha para Potuã.

- Jovem guerreiro, me conte com mais calma e clareza essa história que me trazes.

- Os relatos que trago comigo pajé são aqueles mesmo que os ouvidos vossos escutaram do sair de minha boca.

- Jovem guerreiro, isto é impossivel!

- Então meus olhos me falsearam este testemunho que presenciei.   
  
     O pajé transtornado, tenta compreender o relato que o jovem piatã2* lhe trazia, contestava a informação que tinha, porém, dentro de sí, sabia que uma hora tal fato ocorreria, mesmo que inconsciente, mas sabia de sua vinda.

- Jovem guerreiro, se é somente este relato que tens para oferecer me pode ir-te, mas jura me pelas Parajas3*  que não relataras este ocorrido a ninguém, nem mesmo ao tuxaua4* Sucuarã.

- Mas pajé... devo obediência a Sucuarã!

- Jovem piatã2*, a verdade proclamada para aqueles que não possuiem a devida compreenção, tende desta verdade mortal veneno. Não queiras plantar frutos fora da estação, cada tempo tem o seu tempo.

- Mas pajé, que devo então fazer? Não posso descumprir com os meus deveres e nem com minhas promessas.

- Acalma te Potuã, tristemente Uruitá se foi, como tantos outros na última guerra com os Guaranis, sendo assim, necessito de um aprendiz para que a morte não leve de nosso povo as sabedorias de nossos ancestrais, falarei com Sucuarã, será apartir da aprovação dele meu discipulo, e só deveras lealdade e obediência a mim.

- Obrigado pajé, mesmo antes da decisão, tens minha lealdade e obediência.

- Îabé û ikó5*
-João Piatã Ibiajara-

Nota de Roda aos Pés:
1* - Deus que criou o universo na crença Tupi.
2* - Guerreiro em Tupi.
3* - As três deusas da honra, do bem e da justiça na crença Tupi.
4* - Líder da tribo em Tupi, o mesmo que cacique, porém cacique vem do aruaque, língua das tribos ao norte do Amazonas, Caribe e América Central.
5* - Que assim seja em Tupi.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Pausa para a Poesia: Saudade - de Pablo Neruda


Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

- Pablo Neruda -

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Crônicas de Arranha Céus - Memórias regressas - I Parte

   Ao entrar no quarto me deparo com o fúnebre e destroçado radio relógio, que pela manhã tinha encerrado seu expediente por um período que digamos...“permanente”, porém nunca consegui acorda na hora, alias nunca consegui é acordar cedo, na hora sempre eu acordo, porém é na minha hora, e não a hora de ir trabalhar, as malditas 7:30Hs, isso porque eu moro perto do escritório, tenho pena daqueles que fazem uma verdadeira cruzada para chegar ao seu trabalho, se aventurando a contra gosto em ônibus lotados, antagônicos a palavra conforto, e ficam ali horas, pobres mortais.

   Então, me vi obrigado a sair e comprar outro rádio relógio, sobre pena de perder a hora e ganhar um chefe fulo da vida me atazanando o dia inteiro, o que tenham certeza, tortura é cócegas perto do que aquele homem faz para nos infernizar. Vou ao guarda roupa, pego uma camisa e uma jeans, me visto e vou à sala, lá pego meu tênis e o calço. Guilhermina tinha já saído do seu quarto e estava em frente da geladeira aberta, estava tão entretida que nem deu sinal de minha presença.
Por fim pega algo que não vi direito e a fecha, foi ai que ela me nota.

   - Vai sair? – Pergunta ela.

   - Sim.

   - Pra onde?

   - Compra um radio relógio, por quê?

   - Ah, já que a gente vai sair, porque nós não aproveitamos e vamos  a um barzinho pra colocar a conversa em dia.

   - A “gente”?

   - Sim, eu vou com você e depois que você comprar o seu rádio relógio, nós vamos num barzinho pra continuar a nossa conversa.

   - Adoro a sua maneira democrática e consultiva.

   - Então tá, me dê 5 minutinhos só pra colocar uma roupinha tá?

   - 5 minutos hein!

   - Tá seu chato, o cara mais apressado viu, nunca vi...- resmunga ela ganhando corredor e virando a esquerda.

   Depois de um tempo, ela se aproxima com um vestido florido e sandálias, um óculos e adornos áureos nos pulsos e pescoço.

   - Podemos senhorita?

   - Tá, vamos.

   Abro a porta e seguimos para o elevador, avançamos sobre o hall e chegamos a rua, a partir da li nos dirigimos ao comércio que ficava perto dali. Gosto de andar no centro, o ar de uma década com riqueza de adjetivos que por mais que eu insista em falar os, ainda sim me faltaras para expressar as sensações indefinidas que esta polis me provoca. Foi ai que nos olhares em vitrine entre a arquitetura exuberante dos antigos e elegantes casarões, sobrados e prédios, sinto um pegar mais forte no antebraço, e o aproximar do corpo contra o meu, de forma que aquele corpo não mais estivesse atrelado a mim, agora ele se juntava de forma diferente, com sentido que até ali me parecia confuso por sua imprecisão, a olhei de modo a evidenciar a minha surpresa mediante ao seu aconchegar mais próximo a mim, porém não percebeu meu olhar, pois batia no meu ombro, que sobre ele apoiava sua rubra cabeça. Dou uma risada baixa, e continuo a caminhar pelas ruas junto dela.

   - Que tal aquele alí? – Pergunta ela apontando a vitrine que estava a nossa direita.

   - É, nada mau, pode ser.

   Entramos na loja, uma senhora por volta dos 60, muito educada nos atende, enquanto tratava da compra com a senhorinha, Guilhermina fuçava a loja, bisbilhotando as prateleiras.

   - Este aqui? – Me pergunta a senhora com a mão estendida para o rádio relógio.

   - Sim, é este. Respondo sem mais delongas

   Ela o pega e segue ao balcão, eu a sigo.

   - R$45,65 senhor, cartão ou em dinheiro.
   
   - Dinheiro, por favor.

   - Para presente?

   - Não, é para mim.

   Pago a senhora, vou até a Guilhermina, que se entretém com os souvenires da loja.

   - Olha esse Heitor, é muito fofo.

   - Tá, mas eu ja comprei o rádio, vais querer ir pro barzinho pra continuar a conversa ou não?

   - Tá, vamos.

   Saímos da loja, a senhora nos acena, e Guilhermina a corresponde carinhosamente lhe retribuino o gesto. Caminhamos um pouco mais e nos deparamos com um velho barzinho conhecido nosso, era ali que nos tempos de faculdade bebíamos e conversávamos, principalmente nas sextas-feiras.

   - Ai que saudades este bar me traz. - Suspirava ela observando o bar enquanto se sentava a mesa dos fundos, nosso tradicional ponto.


 - Dionisio de Aquino -

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

E ai Brasil? Só falta você?

      Meu Deus, que inveja me dão os franceses, que aos milhões, constituídos de estudantes, assalariados de todas as ordens, ideologias de toda natureza, juntos, na luta em defesa de sua gente e de seu país. Contra a austeridade do povo diante da bonança dos políticos, de reagir ao não pagamento da ganância inconsequente da Crise Financeira Mundial. A minha França da Revolução de 1789 e da Comuna de París, me solidarizo com a tua luta, e lhe invejo pela maturidade de teu povo.

      E os estudantes da velha Inglaterra, grandiosos, aos milhões, sitiaram a London London de Veloso, com gritos de ordem na voz altiva, com os punhos erguidos, empunhando o direito ao alto, assinalado como bandeira, símbolo de luta. Lutando pelo direito do saber e de qualidade e a todos, que fora ceifado pelos partidários da Dama de Ferro, que mediante aos erros que causaram junto aos seus bancos e empresários, colocaram os estudantes para pagar a conta elevando a taxa das universidades de sua majestade.
      E os árabes, por Allá, que pujança magnânima, aos montes, com a pátria em bandeiras empenhadas ou nos gritos de ordem para a nação, famintos de liberdade e democracia, fervorosos por justiça, ansiosos por dias melhores, vão em marcha, com a vitória e o direito na mão, o país no peito, depor as mazelas e seus déspotas.

      Viva aos povos da Tunísia, do Iêmen, da Líbia e do Egito, que nas ruas fazem revolução, declaram liberdade, constroem futuro melhor. E surpreso fico, que as forças religiosas, que tanto os castigam, não ousaram aparecer nesta manifestação belíssima de democracia que os estas nações nos mostram, ensinam e motivam.


      Cai mais uma vez a mascara do hipócrita imperialista Tio San, que jurando pregar, promover e levar democracia ao mundo, defendeu e apoiou as ditaduras destes mesmo países que hoje se levantam para por fim ao estado inaceitável e desumano que se encontram.

      Ai ai Brasil, aprenda com estes povos o que é democracia, o que nacionalismo, maturidade cívica, o que é ser cidadão e como se faz cidadania, se os políticos que nos representam não estão cumprindo para com os seus respectivos deveres, que nós, senhores inatos e inalienável do poder e da soberania da pátria nos levantemos, e que realizemos nós as mudanças e as ações de que necessita o país.


    * Post em homenagem a os povos destas nações pelo feito tão nobre e grandioso de que são autores.

- João Piatã Ibiajara -