quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Hipocrisia e o humor na base do “quando nos convém”

Isso lembra o caso do Lobato, não?

Da fofoca e da profunda superficialidade do “disse me disse”, vamos às vias de fato e aprofundar em largo e profundo no tema, a Inquisição Moralista (Hipócrita) se levanta novamente, o herege, ou melhor, o humorista da vez é o Sr. Rafinha Bastos, por causa de sua piada sobre o comentário do ancora do CQC, Marcelo Tas, sobre a beleza da Cantora Vanessa Camargo, mediante a qual fez a seguinte piada:

Comeria ela e o bebê......Tô nem ai

Pronto, bastou essa piada pra se fazer um escarcéu dos diabos, um auê que nunca se viu. Os moralistas e companhia foram vorazes em suas declaratórias contra a piada e seu autor, até ai tudo bem, todo mundo tem direito a expressar sua opinião, seja a favor ou contra, porém o que se questiona é uma ordem de fatores quase que obscenos e vários sobre o ocorrido.

O primeiro é a piada em si, piada é piada, você tem duas opções, rir ou não rir, não gostou? Desconsidere, não dê bola. Segundo, piada não é opinião, ou seja, não é porque alguém conta piada sobre pobre é elitista, ou sobre mulher é machista e assim por diante.

A partir deste segundo ponto vou mais além, fazemos milhares de piadas sobre pobres, mulheres, principalmente loiras, gays, nordestinos, argentinos, portugueses e assim por diante, e nunca nenhum desses setores da sociedade, objetos das piadas, se rebelou contra a mesma.

Inclusive quem teria o direito de se reclamar sobre as piadas seriam as mulheres e os gays que são alvos preferidos e em eterna alta, mas não, estes se mostram superiores, sensatos, esclarecidos, riem das piadas até muitas vezes, como até as contam nos meios em que freqüentam, de modo que a piada é entendida como de fato é, uma critica a tudo, uma reflexão, ou quando não há é, uma maneira engraçada de se enxergar um fato.

Agora do mesmo jeito que vaiam e atiram suas oratórias contra o herege em questão, não alegam um Ai contra o Zorra Total, que esse sim faz piadas de mau gosto se for seguir a linha de raciocínio dos inquisidores, pois quando mostra a mulher sempre em situação de semi-nudez, ou com trajes sensuais, a mostrar que só tá lá porque tem um corpo bonito e não por ser uma profissional qualificada, ou seja, é exposta como um produto na vitrine, que por ser atraente, chama atenção. Uma clara declaração de que a mulher é um produto, um pedaço de carne.

Se não bastasse isso fazem estereótipos não só das mulheres como dos nordestinos, gays, pobres, e outros. A isso ninguém diz nada. Ou seja, hipócritas, porém, mas hipócritas que as mídias e seus jornalistas inquisidores, é o povo que tem na fala destes como verdade absoluta e toma partido dos mesmos sem nem ao menos pensar sobre o assunto e se olhares no espelho.

Argumentam na base do moralismo, pois o alvo foi uma mulher grávida, mas na verdade, o alvo foi uma mulher que tem um marido influente e milionário, que ameaçou tirar do programa os patrocinadores, dai o porquê do afastamento do Rafinha Bastos do programa, entretanto, Rafinha Bastos não é um reles funcionário da Band, é um camarada que tem mais de 3 milhões de pessoas, ou seja uma influencia e reconhecimento considerado até por um dos maiores jornais do mundo, o The News York Times.

Ou seja, o embate é de cachorro grande, e diante deste digladiar de gigantes, a mídia inflama a fofoca jornalística pra vender jornal e espaço publicitário sobre a desculpa do moralismo aqui já citado. E isso já não é de hoje. Há tempos a mídia faz dessa geração “stand up” seu ganha-pão, na base do sensacionalista, mas quando é a Veja, o Estadão, Folha, sites e seus colunistas que tratam do assunto é jornalismo. Na verdade deixa de ser lepra e passa a se denominar Hanseníase.

Ou seja, a mídia se traveste de Sonia Abrão, e como Nero incendeia tudo, quanto pior melhor. O que não ocorre com o Sr. Boris Casoy que ridicularizou os garis e foi afastado por um tempinho, contudo passou ao caso sem nenhum arranhão, ileso. Isso mostra bem um fato interessante que coloquei no titulo deste post, o humor na base do quando nos convém. Ou seja, desde que não atente contra uma figura poderosa e influente, não tem nenhum problema, de modo que podemos satirizar as minorias e setores não aceitos da sociedade.

Caso do Zorra Total gozar de sua indulgencia perante aos casos claros de estereótipos múltiplos. Entretanto o mais triste é que um país inteiro se inflama e se debruça sobre o caso “Rafinha Bastos” e desconhece o que acontece no Congresso Nacional, ou seja, levam a sério o que é piada, e levam como piada o que deveriam levar a sério. Assim vamos mal....assim vamos muito mal.

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