sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Clamos a Letargia


Que beleza seria ficar neutro a tanta tristeza

Não ser parte complacente a tal mazela

Ser parte aparte desta quimera

Constituída de mazelas e mais mazelas


A personificação malévola

Desta merda

Que se denomina sociedade

Com toda sua desigualdade

Que se tem consentida


Aceita e admitida

Como tal, coisa natural

Processo, estado existente

Indiferente a nós

Requerentes ou requeridos


Aqui assistindo as cenas

Aos fatos

Deploráveis, devassos

Quem dera me ver livre dela

Fora deste ambiente


Retrógado

Selvagem

....decadente

- Polisto Villa Grande -

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Hipocrisia e o humor na base do “quando nos convém”

Isso lembra o caso do Lobato, não?

Da fofoca e da profunda superficialidade do “disse me disse”, vamos às vias de fato e aprofundar em largo e profundo no tema, a Inquisição Moralista (Hipócrita) se levanta novamente, o herege, ou melhor, o humorista da vez é o Sr. Rafinha Bastos, por causa de sua piada sobre o comentário do ancora do CQC, Marcelo Tas, sobre a beleza da Cantora Vanessa Camargo, mediante a qual fez a seguinte piada:

Comeria ela e o bebê......Tô nem ai

Pronto, bastou essa piada pra se fazer um escarcéu dos diabos, um auê que nunca se viu. Os moralistas e companhia foram vorazes em suas declaratórias contra a piada e seu autor, até ai tudo bem, todo mundo tem direito a expressar sua opinião, seja a favor ou contra, porém o que se questiona é uma ordem de fatores quase que obscenos e vários sobre o ocorrido.

O primeiro é a piada em si, piada é piada, você tem duas opções, rir ou não rir, não gostou? Desconsidere, não dê bola. Segundo, piada não é opinião, ou seja, não é porque alguém conta piada sobre pobre é elitista, ou sobre mulher é machista e assim por diante.

A partir deste segundo ponto vou mais além, fazemos milhares de piadas sobre pobres, mulheres, principalmente loiras, gays, nordestinos, argentinos, portugueses e assim por diante, e nunca nenhum desses setores da sociedade, objetos das piadas, se rebelou contra a mesma.

Inclusive quem teria o direito de se reclamar sobre as piadas seriam as mulheres e os gays que são alvos preferidos e em eterna alta, mas não, estes se mostram superiores, sensatos, esclarecidos, riem das piadas até muitas vezes, como até as contam nos meios em que freqüentam, de modo que a piada é entendida como de fato é, uma critica a tudo, uma reflexão, ou quando não há é, uma maneira engraçada de se enxergar um fato.

Agora do mesmo jeito que vaiam e atiram suas oratórias contra o herege em questão, não alegam um Ai contra o Zorra Total, que esse sim faz piadas de mau gosto se for seguir a linha de raciocínio dos inquisidores, pois quando mostra a mulher sempre em situação de semi-nudez, ou com trajes sensuais, a mostrar que só tá lá porque tem um corpo bonito e não por ser uma profissional qualificada, ou seja, é exposta como um produto na vitrine, que por ser atraente, chama atenção. Uma clara declaração de que a mulher é um produto, um pedaço de carne.

Se não bastasse isso fazem estereótipos não só das mulheres como dos nordestinos, gays, pobres, e outros. A isso ninguém diz nada. Ou seja, hipócritas, porém, mas hipócritas que as mídias e seus jornalistas inquisidores, é o povo que tem na fala destes como verdade absoluta e toma partido dos mesmos sem nem ao menos pensar sobre o assunto e se olhares no espelho.

Argumentam na base do moralismo, pois o alvo foi uma mulher grávida, mas na verdade, o alvo foi uma mulher que tem um marido influente e milionário, que ameaçou tirar do programa os patrocinadores, dai o porquê do afastamento do Rafinha Bastos do programa, entretanto, Rafinha Bastos não é um reles funcionário da Band, é um camarada que tem mais de 3 milhões de pessoas, ou seja uma influencia e reconhecimento considerado até por um dos maiores jornais do mundo, o The News York Times.

Ou seja, o embate é de cachorro grande, e diante deste digladiar de gigantes, a mídia inflama a fofoca jornalística pra vender jornal e espaço publicitário sobre a desculpa do moralismo aqui já citado. E isso já não é de hoje. Há tempos a mídia faz dessa geração “stand up” seu ganha-pão, na base do sensacionalista, mas quando é a Veja, o Estadão, Folha, sites e seus colunistas que tratam do assunto é jornalismo. Na verdade deixa de ser lepra e passa a se denominar Hanseníase.

Ou seja, a mídia se traveste de Sonia Abrão, e como Nero incendeia tudo, quanto pior melhor. O que não ocorre com o Sr. Boris Casoy que ridicularizou os garis e foi afastado por um tempinho, contudo passou ao caso sem nenhum arranhão, ileso. Isso mostra bem um fato interessante que coloquei no titulo deste post, o humor na base do quando nos convém. Ou seja, desde que não atente contra uma figura poderosa e influente, não tem nenhum problema, de modo que podemos satirizar as minorias e setores não aceitos da sociedade.

Caso do Zorra Total gozar de sua indulgencia perante aos casos claros de estereótipos múltiplos. Entretanto o mais triste é que um país inteiro se inflama e se debruça sobre o caso “Rafinha Bastos” e desconhece o que acontece no Congresso Nacional, ou seja, levam a sério o que é piada, e levam como piada o que deveriam levar a sério. Assim vamos mal....assim vamos muito mal.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Um leve dissertar sobre liberdade

Com usa permissão, um breve esclarecer. Este post é na verdade um conjunto de twetts que escrevi a certo tempo, confesso que tinha meus pré- conceitos sobre tal rede social, porém, reavaliei tal conceito, de modo que não só tenho conhecimento de teu uso fútil e denegridor, mas de seu estimulante limite que coloca aos que a ele usa de colocar milhões de idéias em reles centenas de caracteres.

Pois bem, deste desafio nasceu este humilde texto, um breve e sintético texto que ouso dissertar sobre a liberdade, e sendo a mesma, sempre vista como monocromática, ou unilateral, creio ter ido meio por Sartre, que para mim foi e ainda é um dos melhores definidores deste direito tão abstrato e incompreendido.

A liberdade é o livre exercício da ação de toda natureza desde que não cerceie o direito alheio, seja individual ou coletivo. Seja do individuo para com o coletivo, como vice versa, a maioria não é soberana, nem a minoria senhora de privilégios. A harmonia não consiste em igualdade, mas sim em equidade. De modo que não precisamos ser todos iguais, mas sim estarmos em harmonia...

Diante disto, é possível entender o fato da liberdade ser alegada como defesa, porém é alegada sobre a mascara do autoritarismo. Da imposição da opinião do opressor ou opressores para toda a sociedade, de modo que a liberdade seja uma palavra vazia de sua essência.

E usada de forma demagoga e de fachada para o uso do autoritarismo, então a liberdade não é e nunca foi o problema, mas sim quem a usa de forma deturbada, ou seja, o detentor do direito da liberdade em toda a diversidade de sua natureza, para fins de ego e prepotência.

Que se utiliza do mesmo, numa forma antagônica ao seu amago, para fins de cercear ou coibir praticas, ações que vão de contramão a sua aprovação ou aceitação, dai provém os regimes. O que por fim da cara a nossa pseudodemocracia, pois na defesa da liberdade, o dominante impera tiranicamente sobre os demais, com a desculpa do exercício pleno do direito da liberdade de expor suas idéias, mas o faz de modo a não respeitar a alheia.

Exemplo: Rede Globo, Folha, Veja e Estadão com os ricos, tv bandeirantes com os agropecuários, Rede Record com os evangélicos, concluindo que a liberdade consiste em verdade na comunhão de 2 verdades, no direito de ter a liberdade e exerce lá, como no respeito da opinião conflitante a sua, e entender que da jus a questão e o não cercear do direito do semelhante sobre a putrea alegação do direito a liberdade, pois tanto a liberdade é um direito no que tange o seu exercer, tal como o seu dever em respeitar o exercício alheio da liberdade. Sempre sobre a óptica da harmonia social, sobre o redijo da Carta Magna.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pausa para a Poesia: De que serve a Bondade - de Bertolt Brecht

 
De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
Aqueles para quem foram bondosos?

De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?

De que serve a razão
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?

Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!

Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!

Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio! 


- Bertolt Brecht -

Entendeu ou quer que eu desenhe?! - Adão Iturrusgarai, O bom sodomita









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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Confesso

     Sinceramente, chega a certo ponto da coisa que dá vontade de consumar o mesmo ato que eternizou o prefeito romano da Judéia. Limpar as mãos, de modo a limpar a consciência e exorcizar os pesos das cruzes que carregamos, sendo muitas vezes nem nossas. 

     Muitas vezes tal desejo de largar de mão, chuta o pau da barraca, falar “pois bem se é assim que desejam”... Ou para os mais literários e de língua franca- felina “então já que querem se foder que se fodão...”. Visto que nos empenhamos tanto para fazer uma coisa para um bem coletivo, ou somente pelo outro, e vemos que a coisa não anda, piora, ou prospera em um caminho macabro, corrupto e desvirtuado pelo fator de que a outra parte não esta nem ai, esta se lixando.

     Vou me dar ao luxo de até fazer recitação bíblica, já que tal versículo cai como uma luva ao post aqui presente.



Não deis as coisas santas aos cães nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer que as pisem aos pés, e, acometendo-vos, vos despedacem.”

- Mateus 7:6 – 

     Pois o povo esta a tal ponto entorpecido, anestesiado com o contexto que parece não reage à realidade que lhe dão, parece que vivem em um contexto fora do existente, parece que a humanidade perdeu sua independência e volta a ser regida pela natureza, de modo que só tendem a seguir existindo pela mera e débil sobrevivência, vegetativos de sua noção de humanidade. 

     Por fim parece que o mal ganhou, o egoísmo é vencedor e o “eu” triunfa diante do “nós”. E por mais batalhas que possamos ver ganhas pelos homens e mulheres de bem, ainda a guerra parece perdida para os demais. Que estufam aos seus iguais com veemência e convicção de que isso não adianta, só atrasa o inevitável. 

     Triste confesso que Aldous Huxley não escreveu uma ficção quando nos contou a história de Bernard Marx, parece que ele apenas fez uma analogia de nosso contexto, e diria que foi até utópico em desacordo com os acadêmicos que o nomeiam de distópico. Pois mesmo que num sistema de casta existente, cada qual em sua classe se sentia feliz por estar nela, se sentia completo e vivia alegre por assim ser e viver. 

     Já a nossa realidade nem a isso nos é contemplado, nosso anestésico se chama comodismo, inércia, morosidade, covardia. Pois nos damos por feliz pela desgraça que nos encontramos, pelo estado putrefeito das coisas que damos graças, como se fosse benevolência dos poderosos a nossa existência. 

     Diante disto, penai oh Elpistas, penai, pois a sina vossas é esta, serem acoitados por quem ajudam, e por quem enfrentam. Ser integro em meio a ladrões e cumplices, se vingar do mal com o bem, combater o poder do dinheiro com o coração. Chorar por aqueles que nem por ti se importam. Abraçar quem te apunha-la. 

     Tal como o nazareno em cruz e sangue, os jovens com flores em punhos contra o batalhão em armas, o operário em grito de ordem e protesto e o patrão em cortes injustas e complacentes, o povo em marcha pelo direito e com mesmo diante do eleito em roubos, maracutaias e corrupção com a certeza de indulgencia da impunidade. 

    Pobre elpista, luz e resistência do mundo, que sabedor de seu fardo, não abandona o páreo, defensor de sua gente, cumpridor do mandamento do redentor, teimoso alquimista, na tarefa insólita do impossível transmutar do sonho em realidade, pois a impossibilidade é só uma mera questão de tempo segundo eles.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pausa para a Poesia: Liberdade - de Fernando Pessoa

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa... 

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto.

É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
      
Fernando Pessoa

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O culpado ta no espelho

      Sabe quando você reclama do transito, da saúde precária, da educação sucateada, das ruas esburacadas, das enchentes, do baixo salário, da alta carga de impostos, da politica podre nacional, estadual e municipal, da corrupção, da justiça lerda e complacente, do desmatamento e tantas outras reclamações, pois bem, sabe bem quem é o culpado????

      Você, isso mesmo, você! O senhor é parte ativa do problema. Como? Simples, na sua ação egoísta de viver a vida, na omissão para com os seus deveres, nas suas contravenções justificadas de “jeitinho”, que inclusive fiz defesa a esta expressão estereotipada e alienada em artigo anterior. No seu orgulho idiota de dizer que odeia politica, e estufar o peito para dizer todo pomposo que politico é tudo bandido, sendo que o bandido pra chegar lá precisou do voto do babaca que fica batendo no peito que politico é sinônimo de corruptor e ladrão. 

      E de tão babaca nem se lembra em quem votou, rechaça o crime destes que detesta, mas confessa que no mesmo lugar faria o mesmo. Além de idiota e hipócrita. Chega de falar que o problema é isso é aquilo, é desse e daquele, o problema é meu, é seu é nosso. Os culpados somos todos nos, cada qual com sua parcela, porém não deixa de ser mais culpado nem menos culpado.
É fácil culpar o outro, critica o, o usar de bode expiatório, como se com a identificação do pseudo-culpado o problema se desfaz, some, evapora. Não, o problema permanece ali, pois você continua a perpetuando e a alimentando, você apenas se engana, para anestesiar sua consciência já tão dopada por suas desculpas e indultos que concedes a ti mesmo.

      Querem mudar o mundo, então calem as bocas, purifiquem vossos corações, desarmai vossas cabeças, quebre vossos tabus, mas sobre tudo reflita essa frase que o poeta vos deixa como provocação. 

      “Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo” – Liev Tolstoi.