quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cidade dos Renegados


Caminho pelas ruas
Em vaguear ao nada
De encontro ao destino incerto
Ao norte da ausência

Me perco nas paralelas
Me faço perder nas esquinas
Afim de não me encontrar
Afim de fugir do que temo

Fico transtornado pelos seres que encontro
Nos rumos que sigo a enveredar
Mulheres provedoras de volúpias carnais
Senhoras livradoras dos tormentos momentâneos

Esbarro-me com ébrios desgraçados
Que no embriagar de vossos corpos
Anestesiam as dores de seus males
De forma que se entorpecem para os demônios serenar

Mesmo sem garantia de vitoria, ou êxito
Estes pobres seres inebriados percorrem assim
Por ruas e vielas, alamedas e passarelas
Caminhando do nada ao encontro de lugar nenhum

Quando perco das vistas estes senhores
Me deparo com outros  portadores de mazelas
E estes me deixam mais abismado
Com o espanto da ação de seus atos

Pobres anjos caídos, seres ceifados de libertação
Que não podendo mais gozar do vôo de suas asas
Caem em desgraça de cachimbos profanos
A consumir seus torrões alvos de podre delicia

E o resultado de tal mortiço fato
É o esvaecer do espírito
A assunção do fantoche das moléstias
E o caminhar de um mal sepultado

E percebo que esta macabra peça
Que fez da noite seu palco
E destes seres, atores desgraçados
Possuem mais outros bestiais atos
Deste manicômio espetáculo sem fim


 - Polisto Villa Grande -              

2 comentários:

  1. Muito profundo e observador.


    O que dizer sobre isso, se que é a mais pura verdade? Só andar pelas ruas irá encontrá-los atuando neste "manicômio espetáculo sem fim", em que todos atuamos, querendo ou não.

    "Pobres anjos caídos"

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  2. Polisto, Polisto, trovador e menestrel da selva concretada de desta civilização selvagem.

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